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Andar descalço tem vantagens?

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Andar descalço pode ser algo que só faz em casa. Mas, para muitos, caminhar e fazer exercício descalço é uma prática diária.

Quando uma criança está a dar os primeiros passos, os médicos dizem aos pais para deixar esse processo ocorrer naturalmente e sem sapatos. Isto porque os sapatos podem afetar a forma como a criança usa os músculos e os ossos dos pés.

As crianças também recebem feedback do chão quando andam descalças, o que melhora sua propriocepção (consciência do seu corpo no espaço). Quando cresce, coloca sapatos nos seus pés, perdendo os benefícios de andar descalço. É por isso que os minimalistas (andam e correm descalços) evitam utilizar sapatos o dia todo e encorajam-nos a deixar os nossos pés livres.

Benefícios de andar descalço

O principal benefício, em teoria, é estar mais próximo do nosso padrão de marcha “natural”. Apesar disto, se for a qualquer loja de corrida ou caminhada, verá que muitos (ou quase todos) os ténis têm amortecimento e suporte excessivos.

Embora esse “acolchoamento” possa parecer importante, pode também impedir que utilize certos grupos musculares, o que provoca um enfraquecimento dos músculos dos pés e pernas (diretamente) e dos restantes músculos do membro inferior (indiretamente).

Imagine usar um apoio lombar desde criança. O que aconteceria aos músculos abdominais e lombares?

Outros benefícios de andar descalço incluem:
• Melhor controlo da posição do pé no chão;
• Melhoria do equilíbrio, propriocepção e consciência corporal (o que pode ajudar no alívio da dor e na postura);
• Melhor função biomecânica do pé (o que pode levar a uma melhor mecânica das ancas, joelhos e core abdominal);
• Manter a amplitude de movimento adequada nas articulações do pé e tornozelo, bem como força e estabilidade adequadas nos músculos e ligamentos;
• Impedir que o pé se adapte a sapatos que podem não ser os mais indicados para o seu formato;
• Músculos das pernas mais fortes.

Quais os riscos de andar e fazer exercício descalço?

Andar descalço em casa é relativamente seguro. Mas quando sai de casa, expõe-se a riscos potenciais que podem ser perigosos. Sem a força adequada no pé, corre o risco de ter uma biomecânica inadequada na caminhada, aumentando assim o risco de lesões.

Isto é importante quando começa a andar descalço, depois de ter passado grande parte da sua vida calçado. Deve também considerar a superfície que está a pisar. Embora possa ser mais natural caminhar ou fazer exercício descalço, sem o acolchoamento adicional dos ténis, está suscetível a lesões causadas pelo terreno (como superfícies instáveis ou molhadas ou problemas de temperatura, vidro ou outros objetos pontiagudos no chão).

Também corre o risco de expor os seus pés a bactérias ou fungos ao caminhar descalço, especialmente ao ar livre. Se tiver diabetes, terá de ter cuidados adicionais, pois qualquer ferida na planta do pé é potencialmente grave.

Quero começar. O que devo fazer?

Saber andar e fazer exercícios com os pés descalços exige tempo, paciência e as informações certas. Antes de abandonar os sapatos para uma abordagem mais natural, há algumas coisas a considerar:

Comece devagar: Deve ser paciente e começar com sessões curtas de 15 a 20 minutos descalço. É muito importante permitir que os seus pés e tornozelos se adaptem à nova realidade. Com o tempo, pode aumentar a distância e a duração;

Não se preocupe caso sinta alguma dor ou desconforto: Embora andar descalço pareça a opção perfeita, existem perigos que devem ser considerados. Após o primeiro confinamento em Março de 2020, e com os ginásios fechados, comecei a fazer exercício em casa, descalço. Estava habituado a treinar calçado. Passados uns dias, comecei a ter uma dor fortíssima no pé direito. Praticamente não conseguia andar e pensei que tinha o pé partido. Fazia saltos durante os treinos e os meus pés não estavam preparados para esse tipo de atividade descalço. Vá com calma, e comece com exercícios com menos impacto para os pés;

Experimente dentro de casa: Antes de começar a correr na estrada, deve habituar-se a superfícies seguras de casa. Pode usar superfícies instáveis dentro de casa, como um sofá ou uma cama, para treinar o pé para superfícies instáveis;

Pratique em superfícies seguras: Depois de treinar em casa, experimente caminhar em superfícies na rua que sejam menos perigosas, como relva, areia molhada e rija ou trilhos mais arenosos;

Pondere usar ténis minimalistas: Enquanto os seus pés estão em fase de adaptação, pode querer considerar uma fase intermédia entre ténis convencionais e completamente descalço. Os ténis minimalistas podem ser uma boa opção;

Experimente exercícios de equilíbrio: Comece com exercícios simples de equilíbrio, como ficar apoiado num pé ou saltos com recepção ao solo controlada;

Faça uma atividade que exija estar descalço: Aproveite as atividades que já são realizadas com os pés descalços, como Ioga, Pilates ou artes marciais. Em casa, procure andar sempre descalço, de preferência sem meias, para estimular a sensibilidade da planta dos pés;

Examine seus pés em busca de lesões: Todos os dias, observe a planta dos pés em busca de lesões. Os nossos ténis e sapatos retiram-nos sensibilidade nesta região, o que pode fazer com que uma lesão passe despercebida;

Atividades mais intensas, como corrida ou exercício físico, não devem ser incorporadas até que passe algum tempo a preparar os seus pés para este tipo de atividade. Se sentir dor nos calcanhares após descansar ou sentir dor ao caminhar, pode ser necessário introduzir uma fase intermédia extra, como utilizar sapatos convencionais com o mínimo de suporte.

Conclusão

Andar descalço tem alguns benefícios, desde que siga as indicações de segurança e progrida gradualmente e com moderação. Se tiver algum sintoma que considere preocupante, fale com o seu fisioterapeuta antes de iniciar este desafio.

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Referências Bibliográficas

https://www.healthline.com/health/walking-barefoot

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