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Como Tratar a Radiculopatia Cervical

Neste artigo damos-lhe um guia detalhado sobre como tratar as suas dores no pescoço provocadas pela Radiculopatia Cervical

O que é a Radiculopatia Cervical

No pescoço temos 7 vértebras com discos intervertebrais entre estes ossos. Em cada nível vertebral temos a medula que percorre a coluna e os respetivos nervos, que são responsáveis pelos movimentos e sensação de várias estruturas, entre elas os braços e as mãos.

A Radiculopatia Cervical refere-se a alterações neurológicas, como dormências, formigueiros e fraqueza muscular nos braços e nas mãos, devido a um problema no pescoço. Isto pode acontecer quando temos uma hérnia de disco ou alterações degenerativas nas articulações que “prendem” o nervo.

Os sintomas mais comuns são formigueiros, dormências e sensação de queimadura; fraqueza muscular, dor no pescoço ou nos braços (dor radicular), e também perda de mobilidade.

Como Tratar a Radiculopatia Cervical

Há duas coisas importantes a saber sobre isto. Primeiro, estes sintomas ocorrem num espectro e são diferentes de pessoa para pessoa. Por exemplo, alguém pode ter muita fraqueza muscular devido a este problema, enquanto que outra pessoa tem força mas tem muita dor no pescoço.

Segundo: dependendo do nervo afetado, temos a ideia de que os sintomas vão seguir o padrão que conhecemos, como por exemplo nos dermatomas da imagem. Mas isto nem sempre acontece. Aliás, muitas vezes os sintomas aparecem nas escápulas (na zona dos rombóides), tal como expliquei neste vídeo, que vai aparecer algures aqui em cima.

Como Tratar a Radiculopatia Cervical

Um estudo em 2020 concluiu que o principal sintoma da radiculopatia cervical é a dor pelo braço, seguida por alterações sensoriais e dos reflexos, e dor no pescoço. Isto quer dizer que diferentes pessoas têm diferentes sintomas, e na nossa clínica verificamos que os sintomas mais comuns são a dor no pescoço, trapézio e na escápula.

Este estudo também nos mostra quais os locais de dor na escápula, tendo em conta a raíz nervosa que está afetada, neste caso desde C5 a C8.

Objetivos da Fisioterapia na Radiculopatia Cervical

Apesar dos sintomas relacionados com o pescoço e com os nervos serem preocupantes, há boas notícias.

  1. A Radiculopatia Cervical tem um prognóstico positivo – O que quer dizer que, na maioria dos casos, os sintomas melhoram com o tempo, independentemente do tratamento que fizer. Por outro lado, há tratamentos que aceleram este processo, como a Fisioterapia, desde que o fisioterapeuta seja de qualidade e consiga acompanhar todo o tratamento.
  2. As alterações nos exames são bastante comuns em pessoas sem sintomas, tais como hérnias de disco, prolapsos, estenoses e outros tipos de degeneração.

É preferível não ter estas alterações, mas se as tiver, não vai automaticamente ter dor. Por isso, o objetivo da Fisioterapia e dos exercícios não é tratar as alterações que aparecem nos exames, mas sim reduzir os seus sintomas e melhorar a sua capacidade física.

Como Tratar a Radiculopatia Cervical

Gestão dos Sintomas na Radiculopatia Cervical

É importante avaliar e perceber os seus sintomas ao longo do processo de reabilitação. Faça estas duas perguntas:

  1. A minha dor é tolerável durante o exercício? Se for útil, pode usar a Escala Visual Analógica (EVA), de 0 a 10. Veja qual o nível que consegue aguentar, mas lembre-se que mais nem sempre é melhor. Eu recomendo o máximo de 3 em 10, mas a decisão deve ser sempre sua.
  2. A minha dor está melhor, igual ou pior no dia seguinte ao exercício? Se a dor aumenta no dia seguinte, é possível que tenha exagerado. Não é grave, mas precisa de ajustar a carga no treino seguinte.

Modificação das Atividades Diárias na Radiculopatia Cervical

A Fisioterapia e os exercícios não são as únicas coisas que pode fazer na recuperação da Radiculopatia Cervical. E apesar de não haver um conjunto de exercícios melhor do que outro, dar-lhe-emos um programa de exercícios que ajuda a aliviar as dores e a progredir de forma consistente.

Há 4 fatores que tem de ter em atenção neste problema:

  1. Sono – Tanto a qualidade como a quantidade. Uma má noite de sono pode agravar os seus sintomas no dia seguinte.
  2. Stress – Se notar que uma determinada situação de stress ou que lhe causa ansiedade agrava os seus sintomas, tente evitá-la ou gerir a situação de forma a reduzir o risco de ter agravamento dos sintomas.
  3. Postura – Há uma ideia generalizada de que se endireitarmos as costas, resolvemos estes problemas no pescoço. Mas esta correção permanente da postura vai quase de certeza agravar os seus sintomas. Não só pelo cansaço muscular que provoca, como pelo medo que ganha de estar torto. Não há posturas perfeitas, por isso perceba o que funciona melhor consigo e siga estes dois princípios: a sua postura deve ser confortável e não pode ter dor.
  4. Inatividade – Quanto tempo passa parado, a olhar para o computador ou telemóvel? Isso agrava os seus sintomas?

Não faz sentido eu estar a pedir-lhe para fazer mudanças gigantes em todas estes fatores. Mas tente perceber os que podem estar a agravar os seus sintomas e comece pelas pequenas mudanças.

Como Tratar a Radiculopatia Cervical

Exercícios para a Radiculopatia Cervical

Lembre-se que os deve fazer, se possível, com a supervisão do seu fisioterapeuta ou, em situações mais delicadas, deve mesmo fazer algumas sessões. Para além dos exercícios de fortalecimento, terá também alguns de mobilidade do tronco e pescoço, já que é uma das principais limitações nas pessoas que vemos com este problema.

Pode assistir aos exercícios no vídeo que se segue, a partir do minuto 6:27.

Como sempre, este vídeo serve para lhe dar orientações, e não regras rígidas que deve seguir sem sentido crítico. Estabeleça o seu plano de acordo com os seus sintomas, o seu nível de atividade física, objetivos, histórico de lesões e doenças associadas.

Cirurgia na Radiculopatia Cervical

Quando deve optar por cirurgia? Não lhe podemos dar essa informação porque não conhecemos o seu caso, mas podemos dar alguns dados que ajudam a tomar a melhor decisão para si.

Um estudo em 1997 comparou a cirurgia com a fisioterapia e o colar cervical para o tratamento da radiculopatia cervical, e concluiu que os resultados ao final de 1 ano mostravam que não há diferenças significativas entre a cirurgia e o tratamento conservador.

Dois estudos em 2013 compararam Fisioterapia depois da cirurgia ou apenas Fisioterapia e encontraram resultados muito semelhantes ao fim de dois anos. Concluíram portanto que a Fisioterapia deve ser o caminho a tomar antes de se considerar cirurgia.

Por isso, a cirurgia pode ser a melhor opção em certos casos, por exemplo quando tem défices neurológicos significativos, como perda de força muscular ou de sensibilidade. Mas o tratamento conservador deve ser, regra geral, a primeira opção.

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