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Tem Espondilolistese? Tratamento, Exercícios e Cirurgia

Como tratar uma Espondilolistese? Neste artigo falo-lhe de alguns mitos que possa ter sobre o tratamento e eventualmente cirurgia para este problema.

Este pode ser um diagnóstico assustador. Uma vértebra fora do sítio? Deve dar imensas dores não é? Primeiro vamos perceber o que é de facto uma Espondilolistese. No final deste artigo tem um vídeo sobre como tratar uma Espondilolistese e também várias opções de exercícios que pode fazer para aliviar as suas dores.

O que é Espondilolistese

ESPONDILOLISTESE: A primeira parte da palavra refere-se à vértebra da coluna, enquanto que a segunda quer dizer “deslizamento”. Portanto Espondilolistese é o nome que se dá ao deslizamento de uma vértebra sobre a vértebra inferior.

Tipos e Níveis de Espondilolistese

Há 5 níveis de deslizamento, de acordo com o Sistema de Classificação de Meyerding, e são particularmente visíveis nas radiografias que fazemos de pé:

Especialista da Coluna Vertebral

O Nível 5 é o deslizamento completo, onde não existe qualquer interseção entre a vértebra que desliza e a vértebra inferior. O mais comum na população em geral é o grau 1.

Há outros sistemas de classificação, por exemplo, para identificar os tipos de deslizamento e que normalmente aparecem nos relatórios das radiografias:

  • Displástica – Condição congénita
  • Ístmica – Ocorre principalmente em jovens, entre L5-S1, devido a fraturas de stresse nesta zona
  • Degenerativa – Mais comum em pessoas mais velhas, entre L4 e L5
  • Pós-Traumática – Devido a um acidente de viação ou queda
  • Patológica

Neste artigo vamos incidir sobre as espondilolisteses ístmicas e degenerativas. Mas como tratar uma Espondilolistese com Fisioterapia e exercícios?

A Fisioterapia é Eficaz nas Espondilolisteses?

Agora pode estar a perguntar: se a espondilolistese é uma alteração estrutural da coluna, como é que a Fisioterapia e o exercício físico pode ajudar? Não seria melhor fazer logo a cirurgia e corrigir o problema?

Na verdade, os estudos têm vindo a concluir três coisas muito interessantes:

  1. A Espondilolistese é comum
  2. Está muitas vezes presente em pessoas que não têm dor
  3. Não está correlacionada com dor lombar ou incapacidade física

Por exemplo, um estudo de 2009 descobriu que, das pessoas que avaliaram:

– 11,5% tinham Espondilólise

– 8,2% tinham Espondilolistese Ístmica

– 13,2% tinham Espondilolistese Degenerativa

Concluíram portanto que não havia relação entre estes problemas e dores lombares. Por isso, o objetivo da Fisioterapia e dos exercícios não é reduzir os níveis de espondilolistese, mas sim melhorar a qualidade dos seus movimentos e a qualidade de vida em geral.

O tipo de Fisioterapia e exercícios mais indicados para si vai depender dos seus objetivos. Se quiser fazer apenas umas caminhadas, então pode-se manter num registo mais leve. Mas se quiser voltar ao desporto – como halterofilismo, ginástica ou tudo o que seja alta competição – terá de fazer um tratamento e exercícios mais exigentes.

Recomendações sobre como tratar uma Espondilolistese

As recomendações sobre como tratar uma Espondilolistese com Fisioterapia e com os exercícios expostos neste artigo são orientações e não regras rígidas. Veja com o seu médico se a sua situação clínica limita a Fisioterapia ou a prática destes exercícios, e tenha sempre em mente os seus objetivos na tomada de decisão.

Lembre-se também que estes são apenas alguns dos muitos exercícios que pode fazer, veja o que resulta melhor consigo e mantenha-se consistente. Se for necessário reduzir ou mesmo parar as atividades que lhe agravam os sintomas, deve fazê-lo, mas apenas temporariamente até se sentir melhor.

Frequência dos Exercícios e Gestão da Dor

Tente fazê-los 2 a 3 vezes por semana e respeite sempre os seus limites de dor. Eu recomendo sempre que aceite um nível de desconforto ligeiro. Se quiser pensar numa escala de 0 a 10, diria que é aceitável sentir uma dor até 2 em 10. Mais do que isso, pode querer dizer que ou o exercício é exigente para o que consegue aguentar, ou é demasiado cedo para o fazer.

Para além destes exercícios, pode fazer outro tipo de atividade física como caminhar, andar de bicicleta, nadar ou outra atividade que consiga tolerar no momento.

Se estiver a tentar voltar a um desporto específico, os exercícios do seu plano de treino devem tentar simular ao máximo os movimentos que faz nesse desporto. Por exemplo no ténis e no padel deve incluir os exercícios das rotações. Se quer voltar a nadar, os exercícios de extensão são fundamentais para não ter queixas dentro de água.

Cirurgia para a Espondilolistese: É necessária?

Sem conhecer o seu caso em particular, ninguém pode – nem deve – opinar sobre o que é melhor para si. O que lhe posso dar é alguns dados para que possa discutir com o seu médico a melhor opção para si.

Um estudo do ano 2000 acompanhou pessoas com Espondilolistese tratadas sem cirurgia, durante 18 anos, e descobriu 3 coisas interessantes:

  1. O aparecimento de défices neurológicos – como fraqueza muscular e falta de sensibilidade – não está relacionado com o agravamento do deslizamento da vértebra;
  2. A estabilidade da coluna melhorou espontaneamente para muitos dos utentes;
  3. Os sintomas agravam mais se tiver a Síndrome da Cauda Equina.

A cirurgia pode ser a melhor opção em alguns casos – principalmente se tiver défices neurológicos grandes ou galopantes, como falta de sensibilidade nas pernas ou fraqueza muscular muito severa – mas a primeira opção deve ser, por regra, o tratamento conservador.

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