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Porque tem dor no pescoço? As causas são diferentes para cada idade e profissão

Se é estudante ou trabalha diariamente ao computador, as dores no pescoço não são uma novidade para si. É um dos problemas mais comuns quando estamos sentados muito tempo, e uma das principais causas de abstinência ao trabalho ou diminuição da produtividade. Mas quais são os fatores que mais estão relacionados com estas dores?

Pode parecer um problema com pouca importância, porque normalmente o prognóstico é favorável. As dores podem passar em poucos dias, mas por vezes permanecem durante semanas, meses ou até anos. Caso sofra deste tipo de dores, é provável que elas se tornem mais intensas ao longo dos anos, e também com crises mais frequentes.

Para ter uma ideia, as dores no pescoço são a 4ª maior causa de incapacidade física. Por este motivo e muitos outros, é para si fundamental entender quais os fatores de risco, ou seja, quais as situações que tendem a provocar ou agravar este problema. Se tem menos de 30 anos e acha que este problema “não lhe assiste”, as dores no pescoço são cada vez mais comuns em adolescentes e jovens adultos.

Fatores de Risco

Os fatores de risco, por afetarem pessoas de diferentes idades, são também eles diferentes tendo em conta a idade e ocupação de cada um. Por este motivo, vamos falar das diferentes causas para este problema nas diferentes idades e ocupações.

Trabalhador de Escritório

Esta é uma das profissões mais comuns atualmente. Quer esteja num escritório, num open space em co-working, num consultório ou em casa em tele-trabalho, a cadeira e o computador são os seus companheiros durante praticamente todo o dia. Alguns destes fatores de risco são previsíveis, enquanto outros são supreendentes, como alguns fatores psicológicos. Os estudos que os investigam são abundantes (aqui, aqui, aqui e aqui):

  • Sexo feminino – As mulheres têm maior probabilidade de virem a sofrer de dores no pescoço. A razão pela qual isto acontece não é clara, mas talvez tenha a ver com o rácio de mulheres e homens que têm este tipo de ocupação profissional;
  • Historial de dores no pescoço – Uma coisa que já aconteceu tem mais probabilidade de voltar a acontecer. Se já teve dores no pescoço no passado, é mais provável ter esta queixa novamente;
  • Ambiente no trabalho – Não é uma surpresa que o estado emocional afeta a nossa percepção das dores. Se não houver uma boa relação entre colegas, ou com o seu chefe, este stress com o qual não consegue lidar dar-lhe-á maior probabilidade de vir a ter dores;
  • Teclado muito perto do seu corpo – Depois de tantos anos a tratar da ergonomia, já se percebeu que, por si só, não resolve grande coisa. No entanto, ter o teclado mal posicionado pode não estar a ajudar. Quanto mais tempo passar em frente ao computador, mais importante é o alinhamento entre o teclado, o ecrã e os seus olhos. Mas já sabe, mais importante que tudo isto é não estar muito tempo parado na mesma posição;
  • Trabalho repetitivo e posições mantidas – Lá está, o mais importante é mudar de posição frequentemente. Por outro lado, pode ser difícil evitar a repetição de movimentos, visto que passa a maioria do tempo com os dedos no teclado e uma das mãos no rato;
  • Perceção de tensão muscular – Nem sempre tem os músculos tensos quando sente que eles estão tensos. Na maioria das vezes, a sua perceção está menos relacionada com uma tensão muscular real, e mais relacionada com tensão psicológica que se manifesta em desconforto nos músculos, normalmente nos trapézios e pescoço;
  • Estado depressivo – Não é uma depressão, mas está a caminho disso. É um dos fatores psicológicos mais associados às dores no pescoço. As causas por detrás deste estado podem ser muitas, por isso é importante fazer uma reflexão sobre o que está a provocar este problema;
  • Conflito de funções – Ocorre quando alguém lhe pede para realizar algo que é incompatível com a sua função ou posição. Podem pedir-lhe algo para o qual não está qualificado (conflito ascendente) ou para uma função demasiado básica, como pedir a um consultor financeiro para limpar o escritório (conflito descendente). Isto pode interferir com o seu estatuto dentro da empresa e provocar stress desnecessário. Quanto mais tempo esta situação durar, pior será para si, e é importante resolver este problema o mais cedo possível.

Adolescentes e Jovens Adultos

Esta faixa etária também sofre de dores no pescoço, e são cada vez mais frequentes. Pode pensar nas razões óbvias e populares que hoje em dia se fala muito, como a utilização excessiva de smartphones, mas quando se aprofunda o assunto, as conclusões dos estudos (aqui, aqui e aqui) podem ser diferentes:

  • Secretária demasiado alta – Tal como nos adultos, a ergonomia nos adolescentes e jovens adultos, que normalmente ainda estão a estudar, é também um fator a ter em conta para prevenir as dores no pescoço. Isto torna-se ainda mais relevante porque passam muito tempo na mesma posição;
  • Assento da cadeira inclinado para a frente – Mais uma vez, a fraca ergonomia. Podemos concluir que a boa ergonomia não resolve o problema das dores quando passamos muito tempo parados na mesma posição, mas a má ergonomia tem o poder de agravar muitas das nossas queixas;
  • Tempo que carrega a mochila – O problema maior não é o peso da mochila (embora também seja um dos problemas), mas sim o tempo que os jovens a carregam. O limite deverá ser 1 hora por dia, uma vez que normalmente as mochilas são demasiado pesadas para a capacidade física cada vez mais débil dos nossos jovens, e porque a maioria delas está mal ajustada por questões de estilo e moda;
  • Fatores psicossociais – A idade escolar é uma das fases mais difíceis da nossa vida. Cá dentro vai um turbilhão de hormonas e emoções, e lá fora é uma selva autêntica. Tudo isto pode ser um cocktail explosivo na vida dos nossos jovens, e é por isso importante mantê-los próximos e comunicativos;
  • Trabalhador Estudante – É uma realidade cada vez mais comum, as famílias têm dificuldades para comportar o custo da escola ou da universidade, e os jovens entram em ação no mercado de trabalho. E uma vez que este “mercado de trabalho” dá algumas dores de pescoço aos adultos, é perfeitamente normal e expectável que os jovens sofram também deste problema;
  • Estado mental debilitado – A mente comanda o corpo. Tal como os adultos, os jovens também sofrem de dores que são provocadas ou agravadas por problemas psico-emocionais;
  • Cuidadores informais de crianças – Nem os jovens estão imunes às consequências de cuidar de crianças. Tal como os adultos, os jovens também sofrem com tarefas como dar banhos, pegar ao colo, dar comida e até brincar com os mais novos.

Atletas

Pode parecer estranho. Supostamente, o exercício físico dá saúde. Mas como já vimos em vários artigos neste site, o excesso de exercício físico pode trazer tantos ou mais problemas que o sedentarismo. O exemplo que me vem à cabeça é a percentagem de pessoas que tem artroses no joelho. Os corredores moderados têm 3,5% de probabilidade de vir a ter artroses no joelho, os sedentários têm 10,2% e os atletas de elite têm 13,3%.

Segundo este estudo, as dores no pescoço nos atletas são tão ou mais comuns do que na restante população. Há 8 a 45% de atletas com dores que duram uma semana, há 38 a 73% de atletas com dores que duram até um ano e cerca de 48% dos atletas sofrem de dores no pescoço a vida toda. Este estudo não especifica que tipo de atletas são, mas conseguimos ter uma ideia clara de que o próprio facto de levarem o corpo ao limite todos os dias é, em si mesmo, um fator de risco.

Conclusão

Qual é a sua idade e ocupação? Com a ajuda deste artigo, consegue ter uma ideia de quais os fatores a evitar para prevenir o aparecimento de dores no pescoço. Para além disso, pode ajudar também os seus filhos, sobrinhos ou filhos de amigos, porque desde cedo também eles começam a sofrer destas queixas. Nunca é cedo demais para começar a investir na sua saúde e na saúde dos seus.

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