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Os seus discos da coluna vão-se estragar. Mas há boas notícias

Se acredita que não tem ou não vai ter hérnias aos 40, 50 ou 70 anos, as probabilidades não estão a seu favor.

Passamos a vida a tentar evitar as dores. Claro que sim. É um sintoma desagradável. Achamos que ter dor é sinal de algum problema, alguma lesão. Achamos também que não ter dor é sinal de que está tudo bem.

Se há dano, há dor?

No entanto, esta ideia tem sido posta em causa já há alguns anos, com vários estudos científicos a concluírem que, por termos uma lesão, não quer dizer que tenhamos dor. O contrário também é verdade: por termos dor, não quer dizer que tenhamos uma lesão.

Estas duas ideias, que são complementares, parecem não fazer muito sentido. Ora se uma peça do corpo está danificada, o nosso corpo vai transmitir essa informação através do mecanismo “Dor”. Mas não é isso que a ciência nos diz. E diz-nos várias vezes, por intermédio de várias pessoas, em estudos diferentes realizados em diferentes populações.

Com a idade, a degeneração não é uma probabilidade, é uma certeza

Este estudo, de 2015, observou as colunas vertebrais de 3110 pessoas, com idades desde os 20 até aos 80, sem qualquer tipo de sintoma. Isto foi o que eles viram nos exames que fizeram.

São muitos números e muitos nomes estranhos. Vamos salientar as conclusões mais importantes:

  • Aos 20 anos, 37% já tinha degeneração dos discos. Aos 80, eram 96%, ou seja, praticamente todos;
  • 24% das pessoas entre os 20 e os 30 anos tinha perda de altura dos discos (normalmente por desidratação e alterações das propriedades dos discos). Aos 80, eram 84%;
  • Aos 20 anos, 29% já tinha protusões discais. Aos 80 anos, eram 43%;

Praticamente toda a população vai ter algum tipo de degeneração dos discos. Quase metade vai ter protusões discais e espondilolisteses (deslizamento de uma vértebra para a frente ou para trás). E esta população não vai ter dor por causa destes problemas. Faz sentido continuar a chamar-lhes problemas?

Conclusão

As imagens de alterações degenerativas da coluna vertebral são comuns em pessoas assintomáticas e aumenta com a idade. Estas alterações fazem parte do envelhecimento normal e podem não estar associadas à dor que tem nas costas. Isto pode parecer estranho, mas as dores podem não ser consequência destas alterações, porque como já vimos, as pessoas que não têm dor também apresentam estas alterações.

Da próxima vez que fizer uma ressonância magnética e o seu exame estiver cheio de jargão médico, com lesões aqui e ali, tenha calma. A solução pode passar por fisioterapia, exercício terapêutico ou, na pior das hipóteses, cirurgia. Procure o seu médico e o seu fisioterapeuta de confiança, e comprometa-se com o plano de tratamento que lhe for traçado.

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